sábado, 10 de novembro de 2018

Declaração ao Tempo


Tempo!
Tempo...
Você existe?
Está aqui? Devorando esses instantes?
Está aqui da forma que está ali?
Você é justo?
Quem te chamou assim?
Quem te chamou aqui?
Para onde levou a minha criança?
Onde colocou o sabor diferente da manga?
O cheiro de piscina das tardes de verão?
Por que tanto mudou?
Tem registrado a primeira vez que vi o mar?
Eu não consigo lembrar.
Tempo, me leva para passear?
Ver a vida inteira com o meu novo olhar?
Eu tenho em mim que a vida toda,
Foi muito mais linda do que eu conseguia enxergar.
Estava distraída,
Não sabia da sua sutilidade.
Eu pouco percebia
O tempo e o vento
A me encaminhar
Quando eu não sabia sequer
Para a vida engatinhar.
Tempo,
Quero agradecer!
Por ser pai e me acolher,
Sem me reprovar,
Mas sempre fazer clarear
O vazio que antecedia o espaço
Que na sequência se ocuparia pelos meus passos.
Por acreditar,
Que o dia iria chegar
E eu entenderia essa bela sintonia,
Me encantaria com toda a sabedoria
Da invisível força que arrasta o mundo
Para frente.
Independente!
Chegou a hora de o abraçar
E dizer que preciso de você
Para viver,
Aprender
E ser.
Agora, eu o sinto me tocar
E docemente impulsionar
Num consciente caminhar.
Já posso até me lembrar
Quem guardou a minha criança
E como posso a resgatar.
A verdade, tempo, você apenas me envolveu
Para não me deixar estagnar.
A autora sempre foi,
E por quanto estar será,
Talvez não completa,
Mas completamente,
Eu!

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