Grotto Azzurro, Amalfi, Itália. Julho, 2017.
E de repente eu estava ali, crescida, pronta
por fora, dependente só das minhas vontades, que me puxavam, com um canto
hipnotizante, para o outro lado do mar. De repente, estava eu do lado de lá,
olhando para o lado de cá e pensando “quanto mar!”. Foi assim, bem de repente, que
eu era menina e era mulher, num só instante de contemplação. Integrando aquilo que descobri ser a minha
canção. Segundos infinitos...Quando alcancei a minha menina e ela sossegou na
eternidade daquele momento. Mas, moleca, correu. Pois, corre assim: de repente.
E canta, não chama. E sempre “lá vou eu!”. Andar um monte, despir-me do que
tampa meus ouvidos, para encontrá-la quando ela achar que estou capaz. E em
silêncio cantarmos juntas qualquer momento que se faça eterno. Pois é quando a
gente se encontra com nosso passado e o nosso presente, sendo tudo o que
queríamos ser, por um segundo imenso, que morremos (para o raso) e nascemos (para
o novo). De novo. E sempre.
A plenitude tem esse momento ápice
importantíssimo. Quando a menina sossega. Te abençoa com um instante de
certeza. E te fala: “Olha! Tudo vale a pena!”.
Letícia Marcati.