Eu diria que todo
embarque é como um renascimento. O portão de embarque é o limite para quem
fica, que fica angustiado, que não vê o que há por trás daquela linha. Que não
sabe como você está após atravessar o limite que determina uma separação
física. É como a morte. Que segue de um renascimento.
E dói. Da medo. Da
vontade de desistir. Da vontade de não ir. Mas, tem uma força que te puxa, te
dá coragem e você vai...
Às vezes cambaleando, mas
vai.
A viagem é longa, o tempo
entre as nuvens o tranquiliza e você chega.
Da primeira vez que
chega, talvez chegará sozinho, tem tanta gana que nada o derrubará.
O lugar novo te
apresentará pessoas incríveis, que irão te ajudar, outras que farão perceber que
gente ruim tem em todo lugar, mas sempre, sempre, a maioria será boa. É o que
importa.
Pouco a pouco conquistará
novos corações. Eles conquistarão o seu. E na hora de partir, um outro parto.
Não importa quantas vezes
você vá, que vá para voltar, se for de coração aberto para outros corações entrarem
o portão de embarque te fará passar pela dor de nascer de novo. Para o
desconhecido, novo! A dor de soltar para poder voar.
Você entrará em contato
com as nuvens novamente. Só elas sabem quantos sonhos e medos você carrega. E
ao voltar a ter contato com terra firme, já nascido de novo, cairá nos braços
dos antigos amores.
E concluirá que do lado
de cá e de lá tem um grupo seleto de pessoas que te amam com a plenitude do ser
que lhes pertence. Que estão sempre prontos para aguentar a barra de te amar ao
te ver partir e estar sempre pronto a te receber.
Quem fica de um lado, não
conhece a pessoa que chega do outro. Quem te recebe, não sabe quem você deixou
de ser, mas possui o tesouro da chance para descobrir. Dessa forma um mundo não
encontra o outro, mas se experimentam através da sua transformação.
Em dado momento a dor
vira suspiro de gratidão, que só a sabedoria do universo entende e abraça.
Não é fácil nascer e
morrer tantas vezes em uma só vida, mas é compensador.
É poético. E é também
divino.
Entre os renascimentos e
os anos, você ganha um pouquinho de alguma sabedoria e ela passa a ser a sua
melhor amiga. Um anjo que conversa com você e te mostra a poesia de tudo.
E a vida é tão linda!
Nas poucas vezes que me
questionei sobre essa minha vontade de me conhecer e de conhecer o mundo em sua
essência, tive como resposta, de mim mesma, que valeria a pena investir nessa
mão oposta primeiro.
Se eu passar a vida
inteira com essa capacidade contemplativa que as dores de morrer e nascer
várias vezes me trouxeram, eu estou muito satisfeita!
O mais importante: há
muitas formas de mudar de mundo.
A todos nós que dividimos
essa Terra, uma boa viagem. A vida é uma delícia!
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