quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Ao Congresso dos Super-Heróis



Acho que todo mundo na infância já passou por esse dilema: “qual “super-poder” você gostaria de possuir?”. Tinha que escolher só um. Era uma escolha difícil. O poder de voar era tentador, assim como ficar invisível, ler pensamentos ou atravessar a parede. Mas, decidida, sempre quis ter o poder do tempo. Quando criança seria o máximo parar o tempo, principalmente nos dias de provas. Ou apressá-lo, quando não via a hora de brincar. Hoje em dia, continuo com a mesma escolha: gostaria de poder controlar o tempo. O que mudou, com a maturidade (esta não suficiente para eu deixar de pensar em “superpoderes”), foram as razões da escolha.

Hoje, porém, eu jamais pensaria em adiantar o tempo. Poderia até descartar esse elemento. Seria suficiente pará-lo e voltá-lo. Eu iria ser uma ótima detentora desse poder, pois não iria utilizá-lo para alterar nada em minha vida, apenas para reviver bons momentos, paralisar outros. Dar “pause” em alguns sorrisos, beijos e abraços. Reviveria qualquer data dos meus sete anos, algumas viagens que fiz e alguns momentos que, mesmo intactos em minha mente, seria ótimo viver novamente, do jeitinho que foi, sem tirar nem acrescentar nada!

Uma vez por mês eu voltaria no tempo. Abraçaria meus avôs, brincaria na rua até meus pés ficarem muito sujos ou minha mãe me chamar falando que "já está muito tarde". Iria para escola, brincar, aprender e ter longos recreios. Brincaria de "lutinha" com meu irmão até eu não aguentar e pedir “penico”. Mancharia minha boca comendo caju pela primeira vez. Beijaria meu papagaio que ficou no meu passado, cujo bico tinha um cheirinho único, de frutas e semente de girassol, os pezinhos, um geladinho gostoso, e os olhos cor de mel, um doce igual ao da sua cor!
Eu iria brincar, pular, correr e gritar como quem sabe que um dia as energias infinitas de criança se acabam.

Quem sabe, após esse texto o congresso dos super-heróis não decide me dar esse poder! Até lá, vou vivendo da melhor maneira que posso, estando sempre onde quero estar, fazendo o que amo e tentando fixar em minha mente mais coisas boas do que ruins, de maneira que os bons momentos fiquem nítidos em minha memória e prontos para me fazerem viajar no tempo quando eu bem entender ou quando cheiros, músicas e gostos me surpreenderem ao me transportarem instantaneamente para alguma época da vida. Quanto aos maus momentos, que eu guarde o aprendizado. E nada mais.

Letícia Marcati, 02 de Julho de 2012.

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